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Era final de ano e o Natal se aproximava. Letícia observava
pelo retrovisor de seu carro o vai e vem de pessoas, algumas atordoadas, em
busca dos presentes natalinos perfeitos. Os pisca-piscas de Natal ascendiam e
apagavam no mesmo ritmo das pessoas. Foi então que começou a cair uma chuvinha
fininha e repentina, típica do mês de dezembro. As pessoas começaram a correr
para se proteger da chuva, esbarrando uma nas outras a procura de um toldo
qualquer.
Letícia observava tudo com um sorriso no lábios. Raramente tinha
tempo para observar as pessoas e aquela chuva de verão fazia com que se
lembrasse de Rafael.
Rafael havia sido um grande amigo de infância. Conheceram-se
na pré-escola e dali não se desgrudaram mais. Ao contrário de muitas crianças
de suas idades, pouco se importavam se eram de sexos opostos. Eram amigos e
isso bastava. Estudaram por anos nas mesma escola.
Conforme o tempo foi passando e eles crescendo, Letícia
começou a sentir uma necessidade de mudanças em sua vida. Quando estava com
quinze anos, já se achava adulta e por isso queria experimentar uma vida que
ainda não havia tido. Queria novos amores, novos amigos. Isso incluía realmente
estudar em outro colégio em
que Rafael não estivesse matriculado.
Para os pais de Rafael e Letícia, a vontade da menina foi
uma novidade. Estranharam, mas ninguém se meteu. A mãe de Letícia a matriculou
em outro colégio.
E assim, Letícia e Rafael passaram a ser ver menos, mas
continuaram se vendo. Todo final de semana, Rafael aparecia na casa de Letícia
e ficavam por horas conversando. Nesses momentos Letícia fazia confissões sobre
sua nova vida, falava dos novos amigos, dos novos professores e até mesmo de um
garoto por quem havia se apaixonado. Rafael ouvia a tudo, sempre como quem
estava interessado, mas no fundo sentia o seu coração apertado, porque achava
que estava perdendo a amiga. De certo modo ele estava certo, mas o que Rafael
ainda não sabia era que estava perdendo mais do que apenas uma amiga.
Depois de um tempo, Letícia começou a namorar o tal rapaz do
colégio e seus finais de semana com Rafael acabaram. Ela nunca tinha tempo para
o amigo, apenas para os passeios com o primeiro namorado. Enquanto isso, Rafael
passava os seus finais de semana estudando e em algumas pausas, ficava olhando
para o teto agoniado, lembrando do rosto de Letícia.
Meses depois Letícia resolveu que deveria romper com o
primeiro namorado, porque eles eram muito parecidos e segundo ela, não dariam
certo. Ligou para Rafael e contou tudo. Achou que deveria voltar a ver o amigo,
pelo menos nos finais de semana. Rafael ficou feliz e sem pensar duas vezes
aceitou a proposta da amiga.
Foram longos finais de semana, onde Letícia chorava as
mágoas para Rafael, falando sobre os defeitos do ex namorado e de como as
meninas do novo colégio eram metidas. Rafael ouvia a tudo e sentia-se estranho,
sabia que não deveria, mas estava de certo modo satisfeito com cada palavra que
ouvia.
Ficaram então mais próximos novamente. Letícia havia
percebido que Rafael era seu único e verdadeiro amigo, chegou até a se
arrepender por ter mudado de colégio. Mas já era dezembro, não havia como pedir
transferência de colégio e as férias estavam próximas.
Com a chegada das férias, Letícia e Rafael tinham ainda mais
tempo para ficarem juntos, então passeavam pelo parque todo final de tarde.
Em um desses passeios, Letícia e Rafael conversavam, quando
de repente começou uma chuva fina, típica do mês de dezembro. Letícia ficou
observando as pessoas correrem para se abrigar em algum lugar que nem percebeu
Rafael se aproximar e dar-lhe um beijo! Letícia empurrou Rafael, que ficou
sentado no banco da praça com o olhar parado. Ela saiu correndo e gritando que jamais poderiam ter algo e que ele era um falso amigo. Não mais
atendeu aos telefonemas do garoto.
Desde então, não se viram mais e nem se falaram. Só
soube anos mais tarde pela mãe de Rafael que ele havia se mudado de cidade,
pois passou no vestibular e já fazia três anos que morava lá.
Embora Letícia tenha paralisado aquela cena do beijo embaixo
da chuva de verão em sua mente, nunca admitiu para ela mesma que no fundo
também sentia algo por ele. E mesmo agora, depois de tantos anos, lá estava
ela, mulher feita lembrando-se do beijo de Rafael.
Letícia teve muitos namorados depois do ocorrido com Rafael
e imaginava que ele talvez já tivesse até se casado na cidade onde morava.
Quando a chuva cessou, Letícia voltou para a realidade. Saiu
do carro depois de um suspiro e entrou numa lojinha que vendia vestidos de
noiva. Iria se casar em breve e seu vestido estava pronto.
Ao menos o vestido Letícia havia escolhido. Ela era do tipo
de pessoa que sabia muito bem o que queria, mas às vezes custava a admitir para
ela mesma e não gostava de magoar ninguém, por isso mesmo muitas vezes acabava
fazendo o gosto alheio. Quase nunca escolhia o que era certo para si mesma,
embora soubesse o que era certo, vivia em função da opinião alheia. Foi a mãe
de Letícia inclusive, quem ficou responsável pelos preparativos da festa e também pelos convites de casamento. Letícia não fez nenhum esforço para se
opor, embora soubesse que esse papel era dela.
Seu noivo, Lucas, era um moço bom. Formado em Medicina,
quase nunca tinha tempo para Letícia. Ela gostava da falta de tempo dele porque na verdade por serem muito parecidos, quando estavam juntos parecia que
estavam sozinhos. Mas a família de ambos se gostavam e os dois já estavam
juntos há anos.
No dia do casamento, Letícia entrou na Igreja de braços
dados com o pai e estava deslumbrante. Seu vestido caiu-lhe como uma luva.
A Igreja estava cheia, havia amigos e parentes de Lucas por
toda a parte e amigos de Letícia que ela não via fazia muito tempo. Até mesmo amigos de
colégio estavam presente, sua mãe havia convidado todos. A cada passo se aproximava de Lucas e a cada
passo se emocionava mais. No caminho do altar viu até algumas tias chorando segurando lencinhos.
Foi realizada a cerimônia e a saída dos noivos não foi menos
deslumbrante.
Pararam então na frente da Igreja para receber os
cumprimentos e felicitações dos amigos e parentes que jogaram sobre eles uma
chuva de arroz.
Letícia sorria a cada cumprimento que recebia, até que
começou a cair uma chuva fina de verão. Os convidados começaram a correr para
se proteger da chuva.
Foi então que ela viu Rafael no meio da chuva fina, de
cabelos desalinhados, camisa amarrotada e a barba por fazer, típica de quem
saiu de casa com pressa. Agora ele estava com cara de homem. Letícia ficou hipnotizada.
Rafael se aproximou do casal e ao invés de cumprimentar os
noivos, agarrou Letícia e deu-lhe um beijo apaixonado deixando todos os
convidados em choque.
Joanna Catharina
23/10/2012
Olá, Linda postagem . Parabéns !! Gosto muito de ler textos e histórias assim . Que bom que vc compartilha isso ...
ResponderExcluirE fiquei feliz por ter gostado das brincadeiras, saiba que defendo a idéia de que é brincando que a criança aprende . Um grande beijo B.U 2535
http://gotinhas magicasdatialu.blogspot.com.br
Oi Lucí, obrigada pela leitura e que bom que gosta, pois ainda terão muitas por aqui rsrs...
ExcluirAdorei as brincadeiras, seu blog é uma fonte de ideias preciosas para quem dá aulas.
Também concordo que criança aprende brincando, embora a gente deva desde sempre ensiná-las que a vida não é apenas uma brincadeira =)
=* beijosss
Una Gran Entrada con este Relato lleno de vibraciones y sentimientos.
ResponderExcluirUn abrazo.
Ahora va un poco mejor el bloguer, pero aún le falta velocidad.
Pedro, que bom que gostou, obrigada pela leitura!
ExcluirAinda bem que agora está tudo melhor por aí. Aqui a internet tem dia que está bem lerdinha, parece até que é a manivela rsrs...
bjs
Fiquei tão chocado quanto os convidados desse casamento, com o fim de dessa história. hehe.
ResponderExcluirOlá meu amorze.
ExcluirFicou chocado? rs...
Deve ser porque quase nunca escrevo histórias com final feliz hauhauahuahua....
Bjs, amo você.