André tinha cinco anos quando seus pais se separaram. Seu
pais já vinham vivendo há alguns meses de um relacionamento de fachada. Seu pai
tinha uma amante e demorava voltar para a casa depois do trabalho. Mas André
toda noite esperava pelo seu pai, para ouvir sua voz, abraçá-lo e depois deitar
tranquilo.
A mãe de André, em conseqüência, vivia com uma expressão
carregada e muitas vezes sentava-se no sofá da sala junto com a avó de André. Ficavam
por horas discutindo coisas que naquela época André não entendia muito bem. Mas
sabia que algo ruim estava acontecendo.
A situação ficou insustentável para a mãe de André, que
discutiu com o marido quando ele passou o dia todo fora de casa. André ouviu
gritos, choro e lembrava-se do seu pai dizer que não estava feliz e que iria
lutar por André. Depois disso houve a separação. Os pais de André não sabiam,
mas estavam mudando a vida do filho para sempre.
Nos dias que sucederam àquela noite de discussão, o pai de
André não voltou mais. Embora André ainda ficasse sem dormir, apenas para ouvir
a voz do pai, abraçá-lo e depois poder dormir tranqüilo, o pai dele não voltou mais.
As coisas eram complicadas para André, ele não entendia
porque o pai não voltava do trabalho e porque a sua mãe passava as noites
chorando sempre forçando um sorriso falso quando o menino a interrogava o
motivo.
Com o tempo André entendeu que os pais já não se amavam e
que mesmo distantes iriam continuar sendo seus pais. André entendeu isso tudo
pelos esforços de sua mãe, mas isso não significa que tenha aceitado a
separação.
O reflexo de tudo estava na escola, André que antes era um
aluno exemplar, passou a ter péssimo rendimento e já não parecia mais uma
criança brincalhona como antes. Passava o dia todo evitando contato com outras
crianças.
Por conta disso, a mãe de André marcou consulta para o filho
em vários consultórios. Toda semana levava o filho em um psicólogo. Além disso,
a mãe do menino se desdobrava em um emprego que arrumou depois da separação. Era
secretária em um consultório e mesmo que não ganhasse muito, procurava sanar os
problemas internos do filho comprando vários presentes e fazendo os gostos do
menino. Embora André não tivesse o mesmo brilho no olhar, as táticas da mãe
naquele momento funcionaram. André
crescia manhoso e acostumado com tudo fácil. Enquanto André fosse criança, sua
mãe tinha o controle nas mãos.
O pai de André brigou na justiça pela guarda do garoto, mas
foi em vão. Depois ,
conforme o tempo ia passando, André não conseguia ficar na presença do pai, que
de herói passou a ser vilão. André não conseguia ficar um minuto na presença do
pai, sem fazer julgamentos. Tinha plena certeza de que a culpa era daquele homem
traidor. Odiava a nova esposa do seu pai e por consequência deixou de frequentar
sua casa.
Quando André completou quinze anos, sua mãe viu a situação
sair fora do controle de suas mãos. André crescia rapidamente e já estava começando
a pensar pela própria cabeça sem interferência de terceiros. Odiava todos os psicólogos
e achava realmente que aquelas pessoas não eram ninguém para medir seu
sofrimento ou sugerir alguma melhoria em seu caráter.
André virou um adolescente rebelde. Não admitia os motivos
daquilo tudo para ele mesmo, porque julgava já ter esquecido, mas não tinha. Então
para provar para todos ao redor, se rebelava, fazia-se de forte e aparentava
ser dono do próprio nariz. Respondia sua mãe e as brigas com ela eram
constantes.
Sua mãe queria que o rapaz se dedicasse aos estudos, mas ele
não queria saber de ir ao colégio. Além do mais a mãe arrumou um namorado que
André não queria ver nem pintado de ouro. Então começou a andar em más
companhias e conforme os anos iam passando, as coisas iam piorando.
Saía pelas madrugadas e se embebedava, experimentava algumas drogas que o desinibiam, faltava às aulas e
deixava sua mãe acordada durante a madrugada rezando para que nada de ruim
acontecesse a ele.
Anos mais tarde, André já com seus dezoito anos, percebeu
que todos seus amigos de farras noturnas haviam tomado juízo e cursavam uma
faculdade, a maioria deles arrumou uma namorada e começou a trabalhar. No início
achou besteira, mas depois se viu muito sozinho. Começou a sentir necessidade
de melhorar como pessoa.
Depois de oito anos retornou à casa do seu pai e pediu ajuda
para que cursasse faculdade. O pai ficou feliz e não negou ao filho.
A mãe de André orgulhou-se do filho que estava cursando
Administração de Empresas.
Foi durante as aulas que André conheceu Natália, uma garota
diferente das outras. Logo começaram a namorar e queriam se casar depois que se
formassem.
Formaram-se da faculdade e André arrumou um bom emprego. Casaram-se e Natália engravidou em dois meses.
A mãe de André agora era avó e estava contente. Natália deu à luz a um menininho e tamanho era o amor pelo marido, que resolveu chamá-lo de
André Júnior. Carinhosamente todos chamavam o menino de Andrézinho.
André, sua esposa e a criança passeavam pelo parque,
jantavam e almoçavam juntos à mesa e sempre iam à Igreja aos domingos. Eram felizes. Andrézinho admirava
o pai e durante a semana esperava sentado no sofá da sala pela hora em que o
seu pai chegaria do trabalho. Corria para os braços do pai e o abraçava
contente.
Porém depois de passados uns anos, André já não sentia mais
atração pela mulher que na sua concepção estava gorda demais. Começou um caso no escritório com uma moça magérrima e traía a esposa sem nenhum remorso.
Natália descobriu tudo separou-se de André.
Andrézinho continua toda noite sentado no sofá da sala, esperando o pai voltar do trabalho para poder abraçá-lo...
Andrézinho continua toda noite sentado no sofá da sala, esperando o pai voltar do trabalho para poder abraçá-lo...
Joanna Catharina
09/10/2012
Que circulo dramático e infelismente comum e não impossível , mas isso pode acabar se praticarmos o Perdão, tentarmos compreender os motivos e os porques, difícil, mas tudo passa.
ResponderExcluirÉ possível sim desfazer esse círculo dramático. Mas nós seres humanos, raramente paramos para perceber as oportunidades que Deus nos dá para desfazer esse filme repetido. É uma história muito mais comum do que se pode imaginar quando paramos para olhar a realidade em volta. Poucos são os que lutam para não repetir os mesmos erros, muitas vezes só fazem julgar os pais e nem percebem que cometeram os mesmos erros...
ExcluirJoanna Catarina....
ResponderExcluirOs seres humanos têm a grande capacidade de reptir seus erros ao longo de sua própria vida... repetir filmes, histórias, decepções, tudo isso é parte do entendimento errôneo que o ser humano faz de si próprio, pois - como diz o texto - se acha dono do próprio nariz.
A isso podemos chamar de falta de amor ou de Deus no próprio coração.
Obrigado pela visita doce a meu blog. Virei sempre aqui pois já sou seu seguidor.
Esperemos uma boa amizade entre nós dois!
Isso é uma pena.
ExcluirÉ mais ou menos como a música Pais e Filhos da banda Legião Urbana, inclusive um trecho diz exatamente:
"(...)Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser,
Quando você crescer"
Eu quem agradeço a visita!
=* bjs e cuide-se
E por assim em diante...
ResponderExcluirbeijos
boa terça
Angela, obrigada pela leitura e visita, já estou fuçando seu blog rs..
ExcluirAhhh, como eu adoro a internet rsrs..
Bjsss
Oii joanna.
ResponderExcluirvim te visitar também,rsrs
mt interessante seu blog,
eu tb gosto de artes/artesanato
sei bordar ponto cruz e vagonite,
mais tricot nunca tentei..
Bjinhos Joanna.
Oi Damaris! Qual significado do seu nome?
ExcluirQue bom que gostou do blog =)
Poxa, eu acho lindo quem faz ponto cruz, mas não sei fazer. É muito difícil? Um dia pretendo aprender!
=* bjsss
A Vida é um puxa e empurra, um leva e traz, um circulo vicioso...
ResponderExcluirGostei muito do seu blog e da diversidade que aqui encontrei :)
Agradeço a carinhosa visita e também fico por aqui :)
Beijo
Sónia
Obrigada pela Leitura, Sónia!
Excluire fiquei muito contente com sua presença por aqui!
=* beijossss